sábado, 24 de outubro de 2015

sábado, 26 de setembro de 2015

A MINHA FANTÁSTICA COMPANHIA

Certa vez, disse a maravilhosa atriz Cleide Yaconis: "Não sei o que é solidão, Nunca me senti só. Acho fantástico ficar comigo mesma, com minhas milhões de dúvidas e preocupações". Eu penso assim: Aprecio muito os outros, mas acho fantástica a minha companhia!
Pode parecer até presunção ou autocentrismo da minha parte mas, sou uma pessoa que adora estar em sua própria companhia. Sempre foi assim, desde pequena. Brincar com meus irmãos e amigos era ótimo! Mas brincar sozinha com meus castelos e amigos imaginários era muito legal!
Demorei até entender o valor disso porque como apreciar sua própria companhia lhe dá um alto grau de autonomia e independência, isso assusta as outras pessoas que acabam por nos impor rótulos de esquisito, excêntrico e por aí vai. 
Na infância e na adolescência eles tentam tirar isso de você dizendo que o bom mesmo é estar com os outros. E é bom. Mas nada supera a delícia que é de gostar de estar consigo mesmo! Em todas as idades! Mas é na maturidade que essa questão torna-se mais evidente, afinal envelhecer é tornar-se só.
Filhos crescem, netos crescem, cônjuges, parentes e amigos morrem... Quem fica, fica só. 

E se essa pessoa não sabe ou não gosta de apreciar a sua própria companhia, está fadada à depressão. Durante algum tempo, até me senti estranha por ser alguém que aprecia estar só. Mas nunca me importei muito de parecer ser estranha. Hoje eu reconheço mais valor nisso quando vejo minha mãe: uma senhora de 82 anos que mora sozinha, mas que não se sente só.
Seus filhos cresceram, seus netos cresceram, seu marido morreu, mas a vida dela segue como a de todo mundo que está vivo! Ela teria tudo para se tornar uma velha amarga e carente, exigindo ou reclamando atenção dos outros, fazendo chantagens emocionais e outras coisas do gênero. #SQN
Isso não quer dizer que os filhos e netos sejam ingratos. Sempre estamos visitando-a, mas não vivemos mais em função dela como era no passado. Minha mãe é uma pessoa independente e sadia não só do ponto de vista financeiro, mas, principalmente do aspecto emocional. Tem sua própria rotina e agenda de compromissos e interesses. E mais: aprecia sua própria companhia. Isso é fundamental na sua vida!
Eu também sou assim. Não posso dizer que aprendi isso com minha mãe. Mas talvez tenha herdado isso dela. Sempre amei a presença da minha família, mas sempre soube apreciar os momentos em que eles não estão perto. Gosto quando a casa está cheia e barulhenta. Mas gosto também quando está vazia e silenciosa.
Gosto de apreciar uma boa leitura, uma música, um bom filme sozinha. Ou ficar absorta nos meus pensamentos e viajando na minhas lembranças. Desfrutar um bom vinho, ou uma dose de whisky. Tomar um banho prolongado como se fosse uma atriz de Hollywood. São algumas coisas que me fazem gostar de estar na minha companhia. Não que isso não seja delicioso de fazer com alguém. Mas poder estar sozinha e feliz, não tem preço!

terça-feira, 25 de agosto de 2015

A COMUNICAÇÃO E O CIDADÃO

Hoje, desde às 22h50, o poder público (não sei se municipal ou estadual) começou a fazer uma obra na porta do meu prédio.  À essa hora, o barulho da britadeira e do compressor é ensurdecedor. Entendo que é necessário fazer nesse horário porque fazendo durante o dia interditaria a rua que é bastante movimentada, mas custava avisar? A obra não tem nem aquela tradicional placa de "desculpem o transtorno".
Ninguém sabe dizer o que é ou pra quê é. Nem mesmo os porteiros (que são as pessoas mais bem informadas do universo). Isso não deixa de ser uma contradição, pois, tratando-se de um serviço realizado numa via pública, supostamente pelo poder público, o mínimo que se espera é que os moradores sejam comunicados. Certamente não é falta de dinheiro, já que a prefeitura e o estado dispõem de orçamentos generosos para publicidade e propaganda. Mesmo assim, o poder público continua se comunicando mal.
Uma prova disso é essa obra que está acontecendo agora na minha rua. Obviamente um VT milionário com jingle, slogans e pessoas sorridentes não cabe nesse caso. Mas as comunicação dos poderes públicos não conhecem outro tipo de comunicação.
Bastava escrever uma carta, um bilhete fazer um folheto... Um simples aviso aos moradores da rua explicando a obra, seus transtornos e seus benefícios. Os poderes públicos conhecem propaganda. Não conhecem relacionamento.
E por causa disso, eu e meus vizinhos vamos passar a noite com esse barulho na janela sem receber sequer uma explicação ou pedido de desculpas.  Mas sinceramente, que como cidadã, achava que a gente merecia mais.



quarta-feira, 12 de agosto de 2015

OBRIGADO POR (NÃO) ESPERAR


Todas as vezes em que eu ligo para uma Central de Atendimento, mais conhecido como o famigerado call center, tenho a nítida sensação de que eu estou incomodando a pessoa que está do outro lado da linha, sendo que isso não faz o menos sentido, uma vez que teoricamente ela está lá para atender a minha ligação. Mas é assim que me sinto: como se estivesse interrompendo alguma coisa.
Hoje foi assim. Liguei para a central de atendimento do banco porque perdi a minha senha do cartão. Ô coisa chata é senha, né? Devo ter umas 350 senhas na vida: uma pro cartão de crédito, outra pra conta do banco, outra pra internet, para o facebook, para o instagram, etc, etc. 
Pois bem: depois de ouvir aquela musiquinha irritante, ouvi a mensagem "sua ligação é muito importante para nós". Por fim, consegui acessar o menu inicial de atendimento (também gravado) com 542 opções: disque 1 para isso, disque 2 para aquilo, disque 3 para aquilo outro e assim por diante; até que finalmente falei com um ser humano!
A atendente se apresentou e perguntou: 
- Operadora Jéssica, bom dia, em que posso ajudar?
- Sabe o que é, Jéssica? É que eu perdi a senha do meu cartão e queria recuperar.
- Ok, senhora. A senhora poderia me informar seu nome completo?
Aí depois de informar nome completo, o número do  CPF, o nome do pai, o nome da mãe,  data de nascimento e confirmação de endereço, como se fosse um videogame, passei para um nível mais difícil: o das perguntas que não sabia responder de cor sem ter pedir ajuda aos universitários. 
- Qual o CNPJ da sua empresa, senhora?
- Espera um pouco, Jéssica, que esse eu não sei de cor. 
Jéssica (impaciente) coloca o telefone no mudo para poder me xingar mais à vontade e logo em seguida faz pressão:
- Senhora, já localizou o número, senhora?
- Ainda não, Jéssica, minha secretária está buscando. Respondi quase pendido desculpas.
Mas Jéssica, que não quer nem saber se você é cliente e está precisando de ajuda, retruca:
- Lamento, senhora, mas não posso esperar mais. Tenho uma fila de clientes para atender.
- Oxi? Como assim? Engraçado... Eu posso esperar quando vocês estão buscando informações no sistema e você não pode esperar enquanto eu busco as informações no meu sistema? Todas as vezes em que ligo para um call center e vocês vão buscar alguma informação no sistema eu espero e vocês dizem: obrigado por esperar.
- Sim, senhora! Jéssica responde com convicção.
- Então tá. Obrigado por não esperar.
Conforme-se!

quinta-feira, 30 de julho de 2015

A REVISÃO DOS 50

Dizem que depois que a pessoa completa 50 anos faz uma revisão da sua vida. Começa a relacionar o fez, o que não fez, o que deixou de fazer, etc e tal. É a famosa crise da meia idade. Peraí! Se 50 anos é meia idade, idade inteira é quanto? Cem anos? Quem vive tanto tempo assim, minha gente? Muito poucos.
Esquisito, então, é chamar essa crise de meia idade, mas, qualquer que seja o nome que você dê, ela tá aí. Ela não fica instalada o tempo todo, mas com frequência você se pega pensando em coisas que não fez ou que fez ou ainda que deveria ter feito: aquela tatuagem, aquela trilha de jipe, aquela viagem de intercâmbio, aquela casa na praia e por aí vai.
Quando me pego assim, gosto de pensar que ainda posso fazer as coisas que não fiz. Ruim é pensar que a gente não pode mais. Que o tempo passou e a gente perdeu o trem de nossa história.
Mas pior do que pensar que não fez nada do que gostaria ou sonhou para a sua vida é perceber que fez tudo o que não devia: aquele casamento fracassado do qual você nunca saiu, aquele emprego entediante que nunca de realizou, aqueles amigos que nunca te reconheceram. Isso é de matar.
Também é chato ainda ter que trabalhar duro para o seu sustento e o da família. Mas quem já está aposentado se sente excluído ou ultrapassado. 

Bom mesmo seria se todos pudessem ser como a Gisele Bündchen que se aposentou aos 50 anos (de idade). 
Quando fiz 50 não tive nada disso. Revisão, balanço de vida não é novidade para mim. Acho que faço isso desde que me entendo por gente sem nunca chegar à conclusão alguma. Ou acabo concluindo que cada idade tem seus sabores e dissabores. Quando tinha 10 anos pensava como seria minha vida com 20 anos. Aos 20, almejava chegar aos 30. Aos 30, tinha receio dos 40. Os 40 passaram voando por mim. E agora já olho os 50 ficando pra trás há 3 velinhas no bolo. E essa é a marcha. Não tem como parar ou retroceder.
Não me sinto mais triste ou mais feliz do que em qualquer outra idade que tive. Não estou mais tranquila e nem menos inquieta, pois continuo sendo EU com meus medos e anseios, dias bons e dias ruins.

terça-feira, 21 de julho de 2015

O TEMPO E A NOITE


O tempo passa depressa e quando você menos espera, a quantidade de remédios que você toma já não cura todos os seus males. E de repente, sente falta de uma criança que vinha lhe acordar todas as manhãs. Arrumar o uniforme da escola, preparar o sanduíche pro lanche, tudo isso ficou no passado.
Então surge uma vontade, quase necessidade, de que alguém segure sua mão. Mas você ainda não está tão velha pra isso! E se sente sozinha, embora estejam todos ao seu redor.
Aí você para e pensa que sua mãe pode já ter se sentido assim e você nem ligou.
Você se levanta, vai até o quarto delas e vê que elas dormem. Afaga uma e a outra.   Mas elas nem percebem a sua presença. Quantas vezes você já fez isso? A mãe é o anjo que vela o sono do filho. Mas quem vela por nós?
Um dia talvez, se tiverem sorte, elas estarão no meu lugar, velando o sono de alguém que dorme distraída. Porque o tempo passa depressa, mas a noite não.

sábado, 11 de julho de 2015

O QUE É ESSENCIAL


"O essencial é invisível aos olhos". Por isso, somos capazes de passar uma vida inteira sem perceber o que é de fato essencial. Algumas pessoas, entretanto, conseguem enxergar o que é essencial na vida e a partir daí para de desperdiçar o seu tempo e o dos demais.
Isso é muito importante porque o recurso natural não renovável mais precioso do ser humano é o seu tempo. A maneira displicente com a qual algumas pessoas desperdiçam o seu próprio tempo e o dos demais é impressionante! Beira ao suicídio e ao homicídio.
Como não sou nem suicida nem homicida, preocupa-me muito enxergar o que é essencial na vida. Por isso, muita vezes posso parecer uma pessoa distraída por mais contraditório que isso possa parecer. Depois descobri que isso acontece porque a maioria das pessoas não foca no essencial para suas vidas. 
Além da frase de Antonie de Saint-Exupery (escritor, ilustrador e piloto francês, autor de O Pequeno Príncipe), existe um outro texto com o qual me identifico. Este, escrito por Mário de Andrade, relata a experiência de alguém que descobriu o essencial e informa as providências que tomou depois dessa descoberta.
“Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral. As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa.Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, quero caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena. E para mim, basta o essencial!"
É isso!